As Unidades de Conservação (parques e reservas naturais) ocupam 13% da superfície do planeta Terra e são os mecanismos mais eficazes para conservar os ecossistemas terrestres e de água doce, garantindo o bem-estar das comunidades e do planeta.
As Unidades de Conservação (parques e reservas naturais) ocupam 13% da superfície do planeta Terra e são os mecanismos mais eficazes para conservar os ecossistemas terrestres e de água doce, garantindo o bem-estar das comunidades e do planeta. Além disso, as Unidades de Conservação desempenham um papel fundamental na estabilidade climática. Para se ter ideia, a América Latina possui um total de 1.949 Unidades de Conservação, das quais 390 estão localizadas no bioma Amazônia e desempenham um papel importante para a regulação do clima.
Ao reconhecer o papel das Unidades de Conservação (UCs) como uma solução natural para as mudanças climáticas, 18 países latino-americanos assinaram a Declaração sobre Unidades de Conservação e Mudanças Climáticas em agosto deste ano, durante a reunião do Conselho da REDPARQUES, a Rede Latino-Americana de Cooperação Técnica sobre Unidades de Conservação.
Essa Declaração e os estudos sobre o papel das Unidades de Conservação e das políticas públicas a elas relacionadas foram apresentados durante a COP21 sobre Clima em Paris na última semana. Os eventos paralelos serão uma oportunidade para discutir e pedir a incorporação dessas áreas sob a proteção oficial nas estratégias de adaptação às mudanças climáticas dos países.
Assinaram a Declaração: Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, Colômbia, Cuba, Equador, França (pelo seu território ultramarinho, a Guiana Francesa), Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágua, Peru, Panamá, Suriname, Uruguai e Venezuela.
Nessa, os países se oferecem para intensificar e melhorar a criação, gestão e projeto das Unidades de Conservação de acordo com os critérios de enfrentamento das mudanças climáticas. Eles também pedem que as Unidades de Conservação sejam reconhecidas, no âmbito das discussões e compromissos do sistema climático da ONU, como estratégias eficazes para enfrentar as mudanças climáticas.
O documento destaca a importância das Unidades de Conservação como a estratégia mais eficaz para a conservação dos ecossistemas naturais e serviços ambientais, os quais proporcionam a “infraestrutura verde” necessária para a execução de ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
A Declaração também reconhece a Amazônia como um dos biomas-chave, como provedor de serviços ambientais essenciais para salvaguardar os interesses sociais, culturais e econômicos da sociedade como um todo e, em particular, os interesses dos povos indígenas e comunidades locais. Essa iniciativa foi assinada e conta com o apoio de todos os oito países amazônicos, e ainda da Guiana Francesa, que é um território ultramarinho da França.
Trata-se de “um passo muito importante para a necessária integração das Unidades de Conservação dentro do sistema global de planejamento e financiamento para enfrentar as mudanças climáticas, bem como uma contribuição fundamental para o fortalecimento do papel das estratégias naturais dentro da UNFCCC”, afirmou Sandra Charity, coordenadora da Iniciativa Amazônia Viva (LAI), da Rede WWF.
Até agora, as Unidades de Conservação não obtiveram o merecido reconhecimento nas negociações internacionais sobre mudanças climáticas. As florestas, áreas úmidas e áreas costeiras que estão sob proteção oficial constituem nosso principal escudo contra os efeitos devastadores, atuais e futuros, do fenômeno climático.
Novos estudos
Durante os eventos paralelos, foram apresentados dois novos estudos que irão contribuir para os debates de alto nível entre os participantes.
O conceito da “Análise da Vulnerabilidade do Bioma Amazônico e suas Unidades de Conservação” é considerado o último relatório do Painel Inter-governamental de Especialistas sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Esse conceito indica que a adaptação climática requer uma abordagem baseada no risco e que leve em consideração as complexas interações entre o clima e os sistemas sociais e ecológicos. O relatório AR5-2014 destaca a necessidade de se ter “vias resistentes ao clima” e, no caso do Bioma Amazônia, que elas combinem a redução do risco climático com a construção da resiliência climática, para que se possa alcançar a meta de conservação de uma paisagem sadia e sustentável.
Com essa análise da vulnerabilidade, o projeto “Áreas Protegidas, soluções naturais para enfrentar as Mudanças Climáticas” (SNACC) progride em fazer face ao desafio de entender e administrar as mudanças climáticas de hoje e do futuro, bem como seus riscos e impactos, por meio da busca de uma capacidade maior de recuperação e de adaptação, com foco na avaliação, planejamento e integração da adaptação climática no Bioma Amazônia. Para acessar o estudo, clique aqui: http://bit.ly/1QeZrgb
Foi apresentado, também, um relatório sobre as políticas públicas. O objetivo é demonstrar como as Unidades de Conservação podem contribuir para a mitigação das mudanças climáticas e podem facilitar a adaptação aos riscos climáticos, por meio da manutenção ou do aumento da saúde, integridade e conectividade dos ecossistemas, no contexto das mudanças climáticas. As Unidades de Conservação podem proporcionar uma ampla gama de serviços ambientais, como a regulação do clima por meio da captura e depósito do carbono, da conservação da biodiversidade, do ciclo de nutrientes, da polinização agrícola, da proteção contra as inundações e outros desastres naturais, dos serviços culturais e do ecoturismo, entre outros. Para acessar o relatório, clique aqui: http://bit.ly/1Ts8x9x
Os participantes dos eventos da COP-21 incluem: Francisco Prieto, Diretor de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente do Equador; Julia Miranda, Coordenadora Subregional da REDPARQUES e Diretora dos Parques Nacionais da Colômbia; Ruth Irlen, negociadora da REDD + do Ministério de Meio Ambiente da Alemanha (BMUB); e Nigel Dudley, Especialista em Unidades de Conservação e Mudanças Climáticas.
Fonte: WWFBrasil
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